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Bun vs Node.js: comparativo de desempenho e compatibilidade

Bun vs Node.js: comparativo de desempenho e compatibilidade

Introdução: Enquanto o Node.js já é o padrão consagrado para servidores JavaScript há mais de uma década (com milhões de pacotes no npm), surgem runtimes como o Bun prometendo maior velocidade e uma experiência de desenvolvimento simplificada. Desenvolvedores cansados de esperas em npm install ou no build estão experimentando Bun, que usa o motor JavaScriptCore (da Apple) em vez do V8 do Node. Em benchmarks de laboratório, Bun executa test suites “instantaneamente” e termina instalações de pacotes antes mesmo do café esfriar (strapi.io). Neste artigo aprofundado, vamos comparar desempenho e compatibilidade entre Bun e Node.js, além de apresentar dicas de migração e práticas para otimizar seus projetos JavaScript.

O que são Node.js e Bun?

Node.js

O Node.js é um runtime JavaScript criado em 2009, baseado no motor V8 do Chrome, que permite rodar JS no servidor. É amplamente utilizado em APIs, microsserviços e ferramentas de desenvolvimento. Seu grande trunfo é o vasto ecossistema npm, com milhões de pacotes para quase qualquer necessidade. Por outro lado, esse ecossistema exige várias ferramentas de apoio: package manager (npm ou Yarn), bundler (Webpack, Rollup, etc.), test runners (Jest, Mocha) e configuradores de TypeScript (Babel/tsc) – o que adiciona sobrecarga de configuração (strapi.io) (medium.com).

Bun

Bun é um runtime Javascript mais recente, escrito em Zig, que visa ser um substituto "enxuto" e moderno para Node.js (medium.com) (kinsta.com). Ele integra runtime, gerenciador de pacotes, bundler e test runner num único binário (strapi.io) (kinsta.com). Diferentemente do Node (em C++), Bun é construído em Zig e executa sobre o motor JavaScriptCore (o mesmo do Safari) (medium.com) (kinsta.com). Isso traz tempos de inicialização geralmente menores – ideal para funções serverless – e menor uso de memória. Além disso, Bun suporta TypeScript e JSX por padrão, sem necessidade de configuração extra (medium.com) (strapi.io), e já inclui APIs Web modernas (como fetch, Request, Response e websocket) como parte de sua biblioteca padrão (medium.com). Em suma, Bun propõe reduzir a complexidade: você não precisa montar manualmente um toolchain de Babel, Rollup e Jest, pois muitos recursos vêm prontos para uso.

Desempenho

Um dos atrativos do Bun é o desempenho bruto em testes. Benchmarks indicam ganhos expressivos:

  • Throughput HTTP: Em testes de servidor simples, Bun sustenta em torno de 4 vezes mais requisições por segundo que o Node.js (strapi.io). Por exemplo, Bratslavsky (Strapi) menciona ~52.000 req/s para Bun contra ~13.000 req/s no Node (strapi.io). (Outro estudo chegou a 145.000 req/s para Bun vs 48.000 para Node, ou ~~3× de vantagem, dependendo da configuração (jeffbruchado.com.br).)
  • Tarefas CPU-intensivas: Trabalhos que exigem processamento intenso (como manipulação de grandes arrays ou criptografia) também são mais rápidos no Bun. Em testes, gerar e ordenar 100.000 números levou cerca de 1.700 ms no Bun versus 3.400 ms no Node (strapi.io), ou seja, a metade do tempo.
  • Inicialização (cold start): Bun se destaca em startup rápido. Programas que demoram segundos para engatar no Node iniciam quase instantaneamente no Bun, graças à sua arquitetura mais enxuta. Isso é vantajoso em ambientes serverless ou pipelines de CI, onde cada milissegundo conta.
  • Uso de recursos: Sofisticados JITs do V8 otimizam Node em execução prolongada, mas de início são mais pesados. O JavaScriptCore do Bun, por outro lado, prioriza memória reduzida e resposta imediata (medium.com). Na prática, Bun tende a consumir menos memória em workloads comuns e libera recursos mais cedo.
  • Outros benchmarks: Em operações de I/O, testes indicam que Bun pode ler/escrever arquivos muito mais rápido (por exemplo, ler um arquivo de 100MB em ~12ms no Bun vs ~~88ms no Node) (jeffbruchado.com.br). Isso significa carregamento de dados ou processamento de arquivos pesados em geral beneficiam-se do Bun.

Resumo de desempenho: de modo geral, se você precisar de muita taxa de transferência HTTP (por exemplo, APIs de altíssimo tráfego ou múltiplas conexões simultâneas) ou performances CPU-críticas, Bun pode oferecer ganhos significativos. Porém, para a maior parte das aplicações web típicas (CRUDs, dashboards, etc.), o gargalo costuma ser o banco de dados ou a rede, e os ganhos de Bun são menos críticos (jeffbruchado.com.br). Em projetos de longa execução (monolitos), Node oferece estabilidade de otimização em runtime devido a anos de refinamento do V8, mas o startup inicial sempre será mais lento do que em Bun (strapi.io).

Compatibilidade e Ecossistema

Módulos e APIs compatíveis

Uma pergunta central é: **funcionam meus pacotes Node no Bun?**A resposta atual é: quase sempre. Bun objetiva compatibilidade drop-in com APIs do Node. Ele implementa a grande maioria dos módulos nativos do Node (como fs, path, http, crypto, buffer, stream, events etc.) (jeffbruchado.com.br) (bun.sh). Segundo o próprio time do Bun, milhões de pacotes npm desenvolvidos para Node já funcionam diretamente no Bun (bun.sh). Testes iniciais mostram que aproximadamente 90–95% dos pacotes mais populares do npm serão executados sem alterações (jeffbruchado.com.br).

Porém, ainda existem exceções. Módulos que usam Add-ons nativos profundos (C/C++), ou APIs do Node menos comuns, podem falhar ao rodar no Bun. Em casos assim, pode ser preciso mudar para versões dessas bibliotecas compatíveis com ESM, reescrever partes em JS puro ou isolar seu uso. Como observado por Bratslavsky, a maioria dos projetos funciona “out of the box” no Bun, mas edge cases podem quebrar (strapi.io). Em suma, antes de migrar, vale testar as dependências: o Bun encoraja abrir issues no projeto se algo não funcionar, pois a meta é atingir compatibilidade completa (bun.sh).

CommonJS vs ESM

Node.js tradicionalmente usava o formato CommonJS (require/module.exports), mas agora suporta também módulos ECMAScript (ESM) nativos (import/export). A transição entre eles nem sempre foi trivial em Node, exigindo flags ou alterações em package.json. O Bun tentou simplificar isso: ele lida muito bem com projetos que misturam os dois formatos. Por exemplo, um módulo CommonJS exportando funções (.cjs) pode ser importado num arquivo .mjs sem problemas, rodando tanto no Node quanto no Bun (strapi.io). Essa flexibilidade faz com que, na maior parte dos casos, não seja preciso reescrever importações para migrar.

APIs Web (fetch, WebSocket, etc.)

Outro diferencial do Bun é o suporte nativo a APIs web padrão. Funções como fetch, request, Response, WebSocket e outras semelhantes às do navegador estão prontas para uso no Bun, sem precisar instalar bibliotecas adicionais как “node-fetch” ou “ws” (medium.com). Isso significa que código que usa fetch() no browser pode rodar no Bun sem adaptação extra. Por exemplo:

// Bun (JS/TS) - usando fetch nativo async function pegarDados() { const res = await fetch("https://api.exemplo.com/dados"); const json = await res.json(); console.log(json); } pegarDados();

Nos ecossistemas anteriores do Node, esse código exigiria instalar e importar pacotes de terceiros. No Bun, ele “só funciona” por integrar essas APIs de rede ao runtime (medium.com).

Ferramentas integradas e experiência do desenvolvedor

Um dos slogans do Bun é ser uma “ferramenta tudo-em-um”. Em contraste com o Unix-like “faça uma coisa bem feita” do Node (runtime separado de NPM, separado de bundlers/testers), o Bun traz várias funcionalidades embutidas (strapi.io) (kinsta.com):

  • Gerenciador de pacotes integrado: bun install é compatível com projetos Node. Ele monta a pasta node_modules normalmente, lendo até o .npmrc existente (bun.com). Não só isso: bun install é muito mais rápido que npm ou Yarn em instalação de dependências (teste com um projeto Next.js mostrou ~2 segundos no Bun versus dezenas de segundos no npm/pnpm (jeffbruchado.com.br)). O Bun gera seu próprio lockfile (bun.lock) mas preserva as versões resolvidas do package-lock.json. Em suma, migrar para Bun no Pacote é tão simples quanto rodar bun install no lugar de npm install (bun.com).

  • Scripts simplificados: Você executa scripts do package.json do jeito Unix: substitua npm run <script> por bun <script> (bun.com). Para rodar arquivos diretamente, use bun <arquivo.js|ts> no lugar de node <arquivo>. Ou seja:

    # NPM npm run dev npm exec tsc # Bun (equivalente) bun dev bun tsc bun ./index.ts # roda arquivo TypeScript/JavaScript diretamente

    Como detalha a documentação oficial, usar bun run permite executar tanto scripts quanto binários do projeto (bun.com).

  • Bundler embutido: O Bun inclui um bundler próprio chamado com bun bundle. Você pode agrupar seus módulos JavaScript/TypeScript em um pacote final sem precisar de Webpack, Rollup ou Parcel. Por exemplo, bun bundle src/index.js --outfile=dist/bundle.js gera um bundle otimizado quase que instantaneamente. Isso simplifica especialmente aplicações frontend ou edge functions, já que o bundling vem pré-configurado e altamente performático.

  • Suporte a TypeScript nativo: Diferente do Node, que geralmente requer transpilar TS antes de executar (via tsc ou ts-node), o Bun executa arquivos .ts diretamente. Você não precisa de nenhuma configuração extra de tsconfig.json para começar – basta escrever TypeScript e rodar. Isso significa menos passos de build e feedback mais rápido durante o desenvolvimento.

  • Test runner integrado: O Bun fornece um executor de testes compatível com Jest muito rápido (bun test). Não é necessário instalar Jest ou Mocha separadamente (embora você ainda possa, se preferir uma interface familiar). Bastam testes escritos em JS/TS no padrão comum e uma chamada a bun test para executá-los rapidamente.

  • Hot Reload nativo: Para desenvolvimento, Bun suporta atualização contínua de código. Usando a flag --hot, o Bun recarrega seu código automaticamente ao detecter mudanças no disco, mantendo estados do programa vivos quando possível. Em Node, esse recurso costuma ser feito com ferramentas externas como Nodemon. No Bun, é embutido (por exemplo: bun --hot src/server.ts).

Em resumo, a experiência de desenvolvedor com Bun tende a ser mais “out-of-the-box”: menos instalação manual de pacotes dev, menos arquivos de configuração e comandos mais curtos (strapi.io) (kinsta.com). Tudo isso favorece prototipagem rápida e pipelines de CI mais ágeis.

Migração de aplicações Node.js para Bun

Para projetos existentes em Node.js, a migração para Bun pode ser progressiva. Na prática, muitos passos são simples:

  1. Instalar o Bun: Baixe e instale o Bun conforme a documentação oficial. Ele fornece um binário (bun) que substituirá o uso direto do node, npm e outras ferramentas.

  2. Instalar dependências com Bun: Na raiz do projeto, rode:

    bun install

    Esse comando lerá seu package.json e package-lock.json, instalará tudo em node_modules e criará um bun.lock equivalente. Essa operação funciona “em modo silencioso” – você pode usar bun i no lugar de npm i mesmo em projetos Node usuais (bun.com).

  3. Ajustar scripts de execução: No package.json, substitua comandos node, npm run, etc. por bun. Por exemplo, se você tinha:

    "scripts": { "start": "node index.js", "test": "jest --coverage" }

    poderá mudar para:

    "scripts": { "start": "bun index.js", "test": "bun test --coverage" }

    Ou mesmo executar diretamente via CLI: em vez de npm run start, usar bun start, ou chamar bun index.js. A tabela da doc do Bun mostra diversas equivalências úteis (bun.com).

  4. Verificar código e dependências: Na maioria dos casos, seu código JavaScript/TypeScript existente rodará sem modificação. Arquivos .ts são interpretados nativamente; imports padrão do ES Modules continuam válidos. Se você usava require(), Bun também o suporta. Entretanto, fique atento a bibliotecas nativas (ela podem exigir versões ESM) ou extensões específicas do Node. Teste sua aplicação; se algo falhar, procure versões dos pacotes com suporte explícito a ESM ou addons em pura JS.

  5. Ambiente e variáveis: Bun já processa arquivos .env automaticamente (medium.com), então não é mais necessário importar diretamente dotenv. Se você dependia de variáveis de ambiente, o Bun já as lê do .env por padrão. Verifique também se há usos de APIs very Node-specific (por exemplo, [process._...][12], addons nativos, decoradores internos) – em geral, o Bun trata os casos comuns.

  6. Ferramentas adicionais: Se usava Babel, TS-Node ou outro transpiler, é possível simplificar ou até remover essas etapas, já que o Bun entende TS e muitas sintaxes modernas por padrão. Se usava Webpack/Rollup apenas para empacotar código para o navegador, você pode substituir por bun bundle ou mantê-los caso exista complexidade específica (mas, em muitos cenários, não há mais necessidade).

Exemplo prático: Imagine um servidor HTTP simples em Node.js usando http:

// Node.js (server.js) const http = require('http'); const app = http.createServer((req, res) => { res.end("Olá do Node.js!"); }); app.listen(3000, () => { console.log('Servidor Node rodando na porta 3000'); });

Para migrar ao Bun, você poderia usar a API interna Bun.serve ou manter o mesmo código (Bun suporta require('http')). Por exemplo, usando a abordagem integrada de Bun:

// Bun (server.ts) import { serve } from "bun"; serve({ port: 3000, async fetch(request) { return new Response("Olá do Bun!"); }, });

Basta então rodar bun run server.ts na linha de comando. Note que o Bun converte TypeScript em JavaScript automaticamente, então não há etapa de build extra. Assim, a migração muitas vezes é: trocar o binário/CLI (node -> bun) e aproveitar funcionalidades nativas (como serve ou fetch).

Conclusão

O Bun surge como uma alternativa promissora ao Node.js, oferecendo ganhos de performance e uma experiência de desenvolvimento integrada. Benchmarks indicam que ele pode processar muitas conexões simultâneas e tarefas intensivas muito mais rápido do que o Node (até ~4× throughput e metade do tempo em cálculos pesados (strapi.io) (strapi.io)). Recursos como execução nativa de TypeScript, suporte automático a APIs web (fetch, WebSocket etc.) e ferramentas internas (package manager, bundler, test runner) simplificam o setup do projeto.

No entanto, a desvantagem atual é a maturidade relativa. O Node.js conta com 10+ anos de estabilidade comprovada e um ecossistema vastíssimo. Nem todos os pacotes npm (especialmente os que têm código nativo pesado) funcionam imediatamente no Bun (strapi.io) (bun.sh). Por isso, projetos grandes e críticos talvez devam continuar no Node, pelo menos até que o Bun amadureça mais. Para projetos greenfield (novos), microsserviços em nuvem ou serverless, ou aplicações onde performance extrema e tempo de inicialização importam, vale sim considerar começar com Bun.

Como próximos passos, recomendamos testar o Bun em partes isoladas de seu stack: execute seus testes via bun test, faça a instalação de dependências com bun install, e compare tempos de build e startup. A comunidade do Bun é ativa, e o projeto monitora muitas issues para aumentar ainda mais a compatibilidade (bun.sh). Em suma, o Bun representa um futuro interessante para desenvolvimento JavaScript: ele força o ecossistema a evoluir (assim como o Deno fez), e pode fazer a diferença em casos de uso adequados. Experimente, meça seus próprios benchmarks e veja se vale a pena na sua aplicação!

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