Voltar ao blog

React 18: Análise Profunda da Arquitetura Fiber e Otimização de Performance

React 18: Análise Profunda da Arquitetura Fiber e Otimização de Performance

Nos dias atuais, aplicações web demandam cada vez mais desempenho e **responsividade**. O React evoluiu para atender essas necessidades reescrevendo internamente seu reconcilador por meio do **React Fiber**. Essa nova arquitetura permite que o React divida o trabalho de renderização em pequenas **tarefas assíncronas**, oferecendo recursos como *modo concorrente*, transições (`useTransition`) e *batching* automático. Neste artigo, exploraremos em detalhes como o React Fiber funciona internamente, como ele reorganiza o fluxo de atualização (reconciliação) e como aproveitar essas novidades do **React 18** para otimizar a performance de nossas aplicações. Você irá aprender conceitos avançados de agendamento de tarefas, transições concorrentes e técnicas práticas (como `React.memo`, *code-splitting*, `Suspense`, entre outras) para acelerar a renderização de componentes e manter a interface sempre fluida.

---

O que é o React Fiber?

O **React Fiber** é o novo **reconciliador** interno do React introduzido a partir da versão 16. Em vez de usar o reconcilidor antigo (pilha síncrona), o Fiber implementa uma **árvore de tarefas (fiber tree)** e um mecanismo de agendamento que permite quebrar o trabalho de renderização em pedaços menores. Em outras palavras, o React pode interromper, retomar ou adiar renderizações conforme novas atualizações chegam. Isso torna a interface mais ágil e responsiva. Conforme apontado em uma publicação técnica, “o Fiber é uma reescrita completa do algoritmo de reconciliação do React” feita com o objetivo de tornar o framework *mais rápido e inteligente* ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=React%20Fiber%20is%20an%20internal,standing%20issues%20in%20React)).

Enquanto o antigo **reconciliador de pilha** processava toda a árvore de componentes de uma vez (como um bloco único de execução), o Fiber permite **dividir o trabalho em etapas**. Graças a isso, o React pode pausar tarefas de renderização e retomar depois, além de priorizar atualizações mais importantes. Como ilustra o blog do LogRocket, com o Fiber o React consegue:

  • Pausar, retomar e reiniciar trabalhos de renderização conforme novas atualizações chegam (por exemplo, pausar um cálculo pesado para responder a uma digitação do usuário) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Because%20Fiber%20is%20asynchronous%2C%20React,can)).
  • Reutilizar parte do trabalho já concluído ou até **cancelá-lo** se não for mais necessário (por exemplo, abortar a renderização de um componente que saiu de tela antes de terminar).
  • **Fragmentar o trabalho em pedaços menores** e atribuir prioridades, garantindo que as atualizações mais importantes sejam processadas primeiro ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Because%20Fiber%20is%20asynchronous%2C%20React,can)) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=This%20change%20allows%20React%20to,and%20tasks%20couldn%E2%80%99t%20be%20interrupted)).

Essas características superam as limitações do modelo síncrono anterior. No modelo clássico, o reconcilador de pilha trabalhava até esgotar toda a árvore antes de dar lugar a outra tarefa – ou seja, não havia interrupção possível. Com o Fiber, podemos pensar em uma analogia: imagine que antes você precisava pintar toda a casa de uma vez, sem poder parar até terminar o último cômodo. Agora, com o Fiber, você pode pintar cômodo por cômodo, fazer uma pausa para atender a outra tarefa urgente e depois voltar exatamente de onde parou. Esse mecanismo **não bloqueia** mais a interface para atualizações menos prioritárias ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=This%20change%20allows%20React%20to,and%20tasks%20couldn%E2%80%99t%20be%20interrupted)).

Reconciliação tradicional vs. Fiber

Antes do Fiber, o React usava o *reconciliador de pilha*. Nesse modelo, cada atualização acionava um processo de comparação de árvores (“reconciliation”) que era executado até o fim sem interrupções. Enquanto isso, o navegador ficava **não responsivo** a outras tarefas, causando possíveis travamentos visuais em aplicações mais complexas.

Com o React Fiber, a reconciliação foi refatorada. Cada componente é representado internamente por um nó *fiber*, formando uma lista encadeada que percorre a árvore de componentes. Esse encadeamento permite que o React pause a iteração sobre os nós e retome depois. O blog de desenvolvimento React Fiber descreve bem esse cenário: o Fiber separa a renderização em duas fases — *render* e *commit* — e permite que a fase de renderização seja interrompida ou pausada ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=This%20change%20allows%20React%20to,and%20tasks%20couldn%E2%80%99t%20be%20interrupted)). Assim, o React fica livre para tratar outras tarefas (como responder ao usuário) antes de continuar aplicando atualizações menos urgentes.

Vantagens do Fiber

Graças a essa nova arquitetura assíncrona, o React Fiber trouxe benefícios importantes para o desempenho e a experiência do usuário:

  • **Interrupções e prioridades:** Como foi dito, o Fiber permite **priorizar atualizações**. Por exemplo, digitações do usuário ou transições de navegação (tarefas **urgentes**) serão tratadas antes de atualizações de listas grandes ou gráficos demorados (tarefas **não urgentes**) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Urgent%20updates%20include%20tasks%20like,and%20slight%20delays%20are%20acceptable)).
  • **Renderização incremental:** O trabalho de render (reconciliação) é dividido em unidades menores que podem ser espaçadas no tempo. Isso significa que o React *cede a vez* de tempos em tempos, permitindo ao navegador pintar a tela e processar eventos entre essas unidades.
  • **Menos bloqueios:** Evita travar a UI. Mesmo se houver componentes que fazem cálculos pesados, o Fiber consegue adiar parte desse processamento para não congelar a interface.
  • **Futuro do React:** O próprio time do React integrou o Fiber para viabilizar novos recursos. Por exemplo, o **Modo Concorrente** (Concurrent Mode), **Suspense para dados** e até mesmo **React Hooks** só foram possíveis graças à refatoração interna com Fiber ([ichi.pro](https://ichi.pro/pt/a-arquitetura-subjacente-que-os-desenvolvedores-do-react-devem-conhecer-react-fiber-215284492289953#:~:text=Os%20desenvolvedores%20do%20React%20que,Modo%20Simult%C3%A2neo%20a%20serem%20implementadas)). Segundo um artigo técnico sobre o React Fiber, “o React também está refatorando sua implementação e arquitetura internas — isso é a Arquitetura React Fiber” e é “a base para muitos dos futuros recursos do React, como o Modo Concorrente” ([ichi.pro](https://ichi.pro/pt/a-arquitetura-subjacente-que-os-desenvolvedores-do-react-devem-conhecer-react-fiber-215284492289953#:~:text=Os%20desenvolvedores%20do%20React%20que,Modo%20Simult%C3%A2neo%20a%20serem%20implementadas)).

Em resumo, o React Fiber transformou o motor interno do React em uma solução incremental e agendável. A partir dele, as atualizações deixam de ser uni-tárias e travadas, passando a cooperar com o navegador e com outras tarefas de usuário, promovendo uma renderização muito mais suave.

---

Reconciliação e Agendamento de Tarefas com o Fiber

Para entender a fundo o Fiber, precisamos olhar para **como ele reconcilia (compara e atualiza) a árvore de componentes e como agenda essas tarefas**. Podemos dividir esse assunto em duas partes: as _fases do ciclo de renderização_ e a organização das **prioridades**.

Fases do Ciclo de Renderização

O processo de atualização no React Fiber ocorre em duas fases principais: **render** (fase de reconciliação) e **commit** (fase de aplicação de mudanças). Na fase de *render*, o Fiber percorre a árvore de componentes gerando o *work-in-progress tree* (uma versão intermediária da árvore) e determinando quais operações (inserir, atualizar, remover) serão feitas. Nessa etapa, o Fiber **não toca o DOM** ou faz efeitos colaterais; ele apenas prepara *tarefas* e marca quais nós sofrerão alterações.

Como a fase de render é assíncrona, ela é executada em partes. O React avalia um componente, faz seus cálculos (por exemplo, avaliando retorno de render ou hooks), então pode pausar antes de continuar. Depois de processar a árvore até um certo ponto, ele pode interromper essa fase se for preciso Dar prioridade a outra tarefa. Quando a fase de render termina, o React tem a lista completa de mudanças a fazer.

Em seguida, ocorre a fase de *commit*, que é síncrona e rápida. Nessa fase, o browser está livre para receber todas as modificações planejadas: inserir, atualizar ou remover nós do DOM, aplicar efeitos (como **useEffect**), etc. Como a maior parte do trabalho pesado (cálculos e comparação) já foi feita na fase de render, o commit costuma ser breve.

Um ponto importante: se o Fiber interrompe a fase de *render*, ele mantém o estado atual da árvore antiga intacto e retoma do ponto exato onde parou. Assim, a aplicação parece contínua para o usuário. Graficamente, pense numa árvore de componentes com ponteiros que indicam o componente pai, filho e irmão. O Fiber cria um novo conjunto de nós (work-in-progress), atualizando só quando chega ao fim. Essa abordagem garante que a IU só muda para a nova versão depois de concluído todo o trabalho necessário na fase de render.

Agendamento e Prioridades

O elemento-chave do Fiber é o **agendamento com prioridades**. Nem todas as atualizações de estado têm a mesma urgência. Em geral, podemos classificar as tarefas em dois grupos ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Urgent%20updates%20include%20tasks%20like,and%20slight%20delays%20are%20acceptable)):

  • **Atualizações urgentes:** aquelas que precisam refletir imediatamente na interface. Exemplos típicos são eventos de usuário (digitação em um campo, cliques em botões) e animações. Se o usuário estiver digitando texto, queremos que o aplicativo responda sem atrasos.
  • **Atualizações não urgentes:** tarefas que podem ser adiadas sem prejudicar a percepção do usuário. Isso inclui, por exemplo, recalcular e renderizar uma lista longa de itens filtrados, atualizar um gráfico de dados raramente mudando, ou carregar dados suplementares. Pequenos atrasos nessas tarefas geralmente passam despercebidos, desde que a interface básica continue responsiva.

A arquitetura Fiber aproveita essa separação para **otimizar o fluxo de trabalho**. Assim que acontece alguma interação do usuário (uma atualização urgente), o React aloca recursos para processá-la primeiro, podendo inclusive pausar outras atualizações que ainda não terminaram. Depois que as partes urgentes são concluídas e a interface está estável, o React retoma as atualizações pendentes de prioridade menor. Em palavras do blog do LogRocket: “atualizações urgentes incluem tarefas como entrada do usuário ou animações, onde resposta imediata é esperada. Atualizações não urgentes, como renderizar uma lista de resultados de pesquisa, têm prioridade baixa e ligeiros atrasos são aceitáveis” ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Urgent%20updates%20include%20tasks%20like,and%20slight%20delays%20are%20acceptable)).

Para acomodar isso, o Fiber introduziu um sistema de **lanes** (faixas) organizando prioridades de atualização. Sem nos ater aos detalhes internos, basta saber que agora o React pode, por exemplo, começar a re-renderizar uma lista de itens (tarefa longa) em segundo plano, enquanto atende imediatamente uma digitação do usuário. Dessa forma, a IU não “fica travada” esperando operações custosas. No fim das contas, o usuário percebe uma experiência muito mais suave.

---

Novidades do React 18: Modo Concorrente e Recursos Relacionados

Com o React Fiber como base, a versão 18 do React introduziu oficialmente vários **recursos concorrentes** que tiram proveito do novo modelo de agendamento. Vale lembrar que, ao contrário de versões anteriores, o **Modo Concorrente** do React 17 deixou de ser experimental: as funcionalidades concorrentes agora estão disponíveis “prontas para uso” em React 18 ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent)). Para habilitar o novo reconciliador, basta instanciar a aplicação com o método `createRoot` da nova API (`import { createRoot } from 'react-dom/client'`), em vez de usar o `ReactDOM.render` antigo.

Veja algumas das principais novidades de React 18 que impactam a performance:

  • **Automatic Batching (Agrupamento Automático):** O React 18 faz *batching* automático de atualizações de estado mesmo em handlers assíncronos (como `setTimeout`, Promises, eventos de entrada). Em outras palavras, múltiplos `setState` que antes disparavam renderizações separadas agora são combinados em uma única renderização. Isso reduz *renders* redundantes. Por exemplo, se você atualizar dois estados em sequência, agora só ocorrerá um re-render geral. O artigo de otimização confirma que React 18 “introduziu recursos como **agrupamento automático** (*automatic batching*)... otimizando o desempenho” ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent)).
  • **Transições com useTransition:** O React 18 adicionou a **API de Transições** para marcar atualizações como de baixa prioridade. O hook `useTransition` retorna `[isPending, startTransition]`. Ao envolver uma atualização custosa dentro de `startTransition`, você informa ao React que essa atualização pode ser interrompida se algo mais importante aparecer. Por exemplo, veja abaixo como usar `useTransition` para adiar a renderização de uma lista filtrada:

```jsx

import React, { useState, useTransition } from 'react';

function FilteredList({ items }) {

const [filter, setFilter] = useState('');

const [filteredItems, setFilteredItems] = useState(items);

const [isPending, startTransition] = useTransition();

function handleFilterChange(e) {

const value = e.target.value;

setFilter(value); // atualiza o campo de texto imediatamente

// Marca a atualização da lista como não urgente

startTransition(() => {

const novosItens = items.filter(item =>

item.toLowerCase().includes(value.toLowerCase())

);

setFilteredItems(novosItens);

});

}

return (

<div>

<input value={filter} onChange={handleFilterChange} placeholder="Filtrar..." />

{isPending && <p>Carregando resultados...</p>}

<ul>

{filteredItems.map(item => (

<li key={item}>{item}</li>

))}

</ul>

</div>

);

}

```

Nesse exemplo, quando o usuário digita, `filter` e o input da tela atualizam imediatamente. A filtragem pesada da lista é iniciada dentro de `startTransition`, ficando em *background*. Enquanto isso, `isPending` fica `true` e podemos exibir um indicador de carregamento. Assim, a experiência do usuário permanece fluida. Como explica o guia do LogRocket, sem `useTransition` a atualização do filtro faria a UI travar ao renderizar repetidamente a lista completa ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=The%20transitions%20API%20comprises%20a,considered%20as%20urgent%20by%20default)), mas com ele mantemos o input responsivo ao relegar o trabalho de atualizar `filteredItems` para depois ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=The%20transitions%20API%20comprises%20a,considered%20as%20urgent%20by%20default)) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=)). De fato, eles observam que *“transitions API … permite marcar atualizações de estado como não urgentes”*, e que o hook `useTransition` devolve um booleano `isPending` e um método `startTransition` para gerenciar isso ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=)).

  • **Suspense para dados e componentes adiados:** O React 18 estendeu o modelo de renderização assíncrona para *Suspense*, permitindo pausar a renderização até que recursos estejam disponíveis. Com o Fiber, podemos usar `<Suspense>` para componentes render duros ou carregamento de código, exibindo um fallback enquanto o conteúdo chega. Uma analogia útil: *“O React Suspense permite *pausar* a renderização da interface até que algo esteja pronto — como dados, recursos ou componentes atrasados”* ([dev.to](https://dev.to/ekwoster/why-your-react-app-feels-sluggish-and-how-suspense-and-concurrent-mode-fix-it-49il#:~:text=Suspense%20lets%20React%20pause%20rendering,data%2C%20assets%2C%20or%20deferred%20components)). Além disso, o modo concorrente (“Concurrent Mode”) do React faz toda a renderização assíncrona tornar-se **interrompível** e cooperativa ([dev.to](https://dev.to/ekwoster/why-your-react-app-feels-sluggish-and-how-suspense-and-concurrent-mode-fix-it-49il#:~:text=Suspense%20helps%20with%20data,async%20rendering%20interruptible%20and%20cooperative)). Ou seja, mesmo ao usar `<Suspense>` para carregar dados, o React consegue manter outros elementos da UI responsivos enquanto espera, graças ao agendamento inteligente do Fiber.
  • **useDeferredValue:** Mais um hook que o React 18 trouxe. Ele pega um valor qualquer e retorna uma versão *adiada* desse valor. Isso é útil, por exemplo, em casos de buscas instantâneas: você liga um campo de texto a um estado, e usa `useDeferredValue` para atrasar como esse estado é usado na consulta de dados ou renderização de resultados. Assim, o React usa o valor antigo durante alguns milissegundos para permitir respostas imediatas à digitação e só depois aplica o valor novo.

Em suma, todas essas novidades do React 18 — **mapeadas no guia oficial** e em materiais recentes ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent)) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=The%20transitions%20API%20comprises%20a,considered%20as%20urgent%20by%20default)) — trabalham em sintonia com o Fiber. Elas não só melhoram o desempenho, mas também tornam o desenvolvimento mais previsível, pois você decide quais atualizações são urgentes e quais podem esperar. Quando não habilitamos esses recursos (ou usamos APIs antigas), o React volta ao modo síncrono clássico: todas as atualizações são processadas imediatamente e de uma vez, deixando o renderizador bloqueado até o fim ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=opt%20into%20this%20concurrent%20renderer,respond%20immediately%20to%20user%20interactions)). Isso pode causar congelamentos visuais perceptíveis se houver trabalho pesado. Em React 18, por outro lado, podemos optar por não habilitar uma atualização concorrente e deixá-la ser síncrona, mas temos a opção de usar essas novas APIs para aproveitar o Fiber ao máximo.

---

Otimização de Performance no React 18

Compreender o Fiber e as capacidades de agendamento é o primeiro passo. Agora, aplicaremos técnicas concretas na camada de código do desenvolvedor para acelerar nossas aplicações. A seguir estão algumas estratégias avançadas e práticas recomendadas que se beneficiam diretamente da arquitetura do React 18:

Memoização de Componentes e Funções

Muitas vezes, uma das causas de lentidão é **re-renderizar** repetidamente componentes que não precisam ser atualizados. Felizmente, o React oferece ferramentas para *memoização*. Por exemplo, podemos envolver um componente de função com `React.memo` para que ele só seja re-renderizado quando suas props realmente mudarem:

const ExpensiveItem = React.memo(function ExpensiveItem({ value }) {
  // Simula um componente custoso de renderizar  
  const inicio = performance.now();
  while (performance.now() - inicio < 50) {
    // loop ocupando 50ms
  }
  return <div>{value}</div>;
});

function App() {
  const [count, setCount] = useState(0);
  const [texto, setTexto] = useState('');

  return (
    <div>
      <input 
        placeholder="Digite algo..." 
        value={texto} 
        onChange={e => setTexto(e.target.value)} 
      />
      <button onClick={() => setCount(count + 1)}>
        Clicar {count}
      </button>
      <ExpensiveItem value={texto} />
    </div>
  );
}

Nesse exemplo, `ExpensiveItem` só depende de `value`. Se alterarmos apenas o contador (`count`), o componente memoizado **não** será re-renderizado (note que o campo de texto muda sozinhos). Isso evita esforços desnecessários. Além disso, quando `value` mudar, o componente atualizará para mostrar o novo valor. Essa otimização elimina renders redundantes e se alinha bem com o Fiber, pois libera recursos para outras tarefas menos custosas.

Também podemos usar os hooks **`useMemo`** e **`useCallback`** para memoizar valores ou funções dentro de um componente:

function ListaGrande({ items }) {
  // Ordena itens somente quando 'items' mudar
  const itensOrdenados = useMemo(() => {
    console.log('Ordenando itens...');
    return [...items].sort();
  }, [items]);

  return (
    <ul>
      {itensOrdenados.map(item => (
        <li key={item}>{item}</li>
      ))}
    </ul>
  );
}

No código acima, a ordenação só acontece de fato se a lista `items` for diferente. Caso contrário, o React retorna o resultado em cache. Esses hooks preventivos devem ser usados com cautela (pois também têm custo de memória), mas quando aplicados corretamente podem reduzir significativamente operações pesadas.

Em resumo, **memoização** reduz trabalho repetido e, combinada ao Fiber, faz com que nossas atualizações sejam mais leves. Em vez de o React reprocessar o DOM inteiro, ele reutiliza partes conhecidas. Isso encaixa bem na ideia do Fiber de *reusar trabalho já feito* ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Because%20Fiber%20is%20asynchronous%2C%20React,can)).

*Code Splitting* e Lazy Loading

Outra forma de otimizar é **dividir o código** em partes carregadas sob demanda, evitando puxar bibliotecas ou componentes inteiros logo de cara. No React, usamos o `React.lazy` e `<Suspense>` para isso. Por exemplo:

import React, { Suspense } from 'react';

// Carrega esse componente somente quando for realmente renderizado
const ComponentePesado = React.lazy(() => import('./ComponentePesado'));

function App() {
  return (
    <div>
      <h1>Aplicação Principal</h1>
      <Suspense fallback={<div>Carregando módulo pesado...</div>}>
        <ComponentePesado />
      </Suspense>
    </div>
  );
}

Nesse caso, `ComponentePesado` só é baixado do servidor quando a rota ou condição para ele for atingida. Enquanto ele está carregando, o `<Suspense>` exibe um elemento provisório (um *fallback*). Internamente, o Fiber faz a atualização de forma assíncrona, não bloqueando outros componentes. O conteúdo “Carregando módulo pesado...” pode ser exibido sem congelar o aplicativo, pois o React sabe esperar pelo carregamento do outro pedaço. Conforme citado no blog técnico, o Suspense “pausa a renderização da UI até que algo esteja pronto — como dados, assets ou componentes adiados” ([dev.to](https://dev.to/ekwoster/why-your-react-app-feels-sluggish-and-how-suspense-and-concurrent-mode-fix-it-49il#:~:text=Suspense%20lets%20React%20pause%20rendering,data%2C%20assets%2C%20or%20deferred%20components)), e o modo concorrente do React permite que essa pausa seja cooperativa e não bloqueie o restante da interface ([dev.to](https://dev.to/ekwoster/why-your-react-app-feels-sluggish-and-how-suspense-and-concurrent-mode-fix-it-49il#:~:text=Suspense%20helps%20with%20data,async%20rendering%20interruptible%20and%20cooperative)). Em poucas palavras: *Suspense* no React 18 funciona de forma natural em conjunto com o Fiber para dividir o carregamento de código e dados, lançando apenas o necessário.

Virtualização de Listas

Renderizar listas muito grandes pode ser caro (inclusão de milhares de elementos no DOM). O React Fiber ajuda planejando renderizações fragmentadas, mas podemos ampliar isso com **virtualização**: técnica que renderiza apenas o que está visível na tela. Bibliotecas como [react-window](https://github.com/bvaughn/react-window) facilitam essa abordagem. Veja um exemplo de virtualização de 500 itens:

import { FixedSizeList as List } from 'react-window';

function ListaVirtualizada({ items }) {
  return (
    <List
      height={150}          // altura da lista visível
      itemCount={items.length}
      itemSize={35}         // altura de cada item
      width={300}
    >
      {({ index, style }) => (
        <div style={style}>{items[index]}</div>
      )}
    </List>
  );
}

Esse snippet renderiza apenas os itens que cabem em 150px de altura, carregando o restante conforme o usuário rola. O React Fiber ajuda aqui porque cada bloco de lista visível é tratado como uma pequena árvore a ser reconciliada. Com menos nós para processar, a renderização fica muito mais rápida e a rolagem, suave. Virtualização é uma técnica que aproveita estratégias de reconciliação incremental — justamente o que o Fiber foi criado para oferecer.

Outras Boas Práticas

Além dos itens anteriores, vale citar algumas recomendações gerais que exploram as vantagens do Fiber:

  • **Manter o estado local sempre que possível:** Evite elevar o estado (lifting state up) sem necessidade, para não disparar re-renders amplos. Por exemplo, se apenas um componente precisa de um dado, mantenha-o ali, em vez de no pai.
  • **Evitar cálculos caros diretamente no render:** Se algum componente precisa de processamento pesado, pense em movê-lo para dentro de `useMemo` ou até para um Web Worker externo.
  • **Uso de Profiler:** Use o [React Profiler](https://reactjs.org/docs/profiler.html) (ou extensões de browser) para identificar *gargalos* específicos de renderização. O Fiber permite perfis mais precisos, detectando quanto tempo cada componente leva.
  • **Batching manual (quando necessário):** Situações muito específicas podem fazer com que você queira agrupar atualizações manualmente. Por exemplo, `unstable_batchedUpdates` para agrupar setStates em callbacks externos. Mas, de modo geral, o React 18 já faz *batching automático* na maioria dos casos ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent)).
  • **Verificar chave (key) correta em lists:** Uma dica bem conhecida: use chaves estáveis e específicas ao mapear listas. Isso ajuda o Fiber a entender exatamente o que foi movido, evitando re-renders desnecessários de toda a lista.

Cada uma dessas prática, mesmo que simples, se beneficia do Fiber nos bastidores, permitindo que até operações que antes causariam lentidão fiquem suaves. O importante é **medir**: veja onde seu app “pesa” mais, e então use a combinação adequada de memoização, carregamento adiado e outras técnicas.

---

Conclusão

Nesta análise aprofundada, vimos que o **React Fiber** é o novo motor interno de reconciliação do React, permitindo renderizações *incrementais* e prioridades flexíveis. Desde o React 16, ele substituiu o modelo antigo síncrono, tornando a biblioteca preparada para a realidade de aplicações modernas. O Fiber permite que o React pause e retome tarefas de renderização, reutilize trabalho anterior e atribua diferentes níveis de prioridade a cada atualização ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=Because%20Fiber%20is%20asynchronous%2C%20React,can)) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=This%20change%20allows%20React%20to,and%20tasks%20couldn%E2%80%99t%20be%20interrupted)). Isso resultou em interfaces mais responsivas, especialmente quando combinado com os novos recursos do **React 18**.

Falamos também das principais novidades do React 18, como o *mode concorrente*, o hook **`useTransition`**, a API de *Suspense*, e o *batching* automático ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent)) ([blog.logrocket.com](https://blog.logrocket.com/deep-dive-into-react-fiber-internals/#:~:text=The%20transitions%20API%20comprises%20a,considered%20as%20urgent%20by%20default)). Exemplos práticos mostraram como usar transições para adiar atualizações pesadas e manter a IU ágil. Além disso, abordamos técnicas avançadas de otimização: memoização de componentes e valores, *code splitting* com React.lazy e Suspense, e virtualização de listas, entre outras estratégias. Todas elas se beneficiam diretamente do Fiber, pois reduzem a carga de renderização e melhoram a fluidez da aplicação.

Para o futuro, conforme o React continua a evoluir, novas ferramentas de concorrência e otimização surgirão. Continuar acompanhando as melhorias nas versões posteriores e praticar medição de performance são caminhos seguros. Espera-se que desenvolvedores permaneçam atentos às atualizações da documentação (por exemplo, no site oficial do React ([curiosum.com](https://curiosum.com/blog/performance-optimization-with-react-18-concurrent-rendering#:~:text=React%2018%20introduced%20many%20interesting,as%20the%20React%2017%20concurrent))) e notícias da comunidade. Entretanto, os conceitos fundamentais aprendidos aqui — divisão de trabalho, agendamento por prioridade e atualização incremental — serão úteis em qualquer cenário. Aplicando essas técnicas, você garante que suas aplicações React 18 fiquem cada vez mais rápidas, escaláveis e agradáveis ao usuário.

Inscrever agora para a próxima turma do DevClub?

Que tal não perder esta oportunidade e já se inscrever agora para a próxima turma do DevClub?